PARA OS TURISTAS OU DE TURISTAS?


Analisando os comentários e postagens feitos tanto no site, como nas demais redes sociais, e é claro, na vida real, me deparei com uma situação no mínimo curiosa. Somos uma cidade turística, com fins para os turistas? Ou somos uma cidade de turistas, com fins para a cidade? 


Já fomos uma cidadezinha do interior, com uma praia paradisíaca, águas cristalinas, orla arborizada e quiosques em forma de iglu escondidos em baixo das amendoeiras. Literalmente um lugarzinho de “sombra e água fresca”, características que encantaram muitas pessoas, como eu, e que aqui se fixaram. 

Mas e agora? O que temos para oferecer aos turistas? Nossas águas não são mais cristalinas, as amendoeiras se foram, os quiosques são de alvenaria colados na pista e cercados pelo cimento da “muro-via”.  Nosso prato tradicional, a famosa carapeba, não se vê mais, hoje se come batata frita com ketchup! 

Perdemos a nossa identidade turística, mas adotamos muitos turistas.  Com eles vieram mais carros, mais casas, mais necessidades e mais descontentamento, pois vieram de lugares que, em via de regra, são mais urbanizados, com mais opções de entretenimento e assim, com menos tempo para se preocupar com a vida em sociedade.   

Mas, aqui não! Sem teatro, sem cinema, sem shopping e sem mais um monte de coisa, as pessoas acabam tendo como principal passatempo, sentar e conversar com os amigos – e inimigos também. Esta troca constante de experiências, desejos e esperanças, nos fazem ser uma cidade mais politizada, e logicamente, mais infeliz com os rumos que vem tomando. 

Penso ser à hora de colocar no portal da entrada da cidade: NÃO HÁ VAGAS PARA TURISTAS! 

E não há vagas literalmente!!! Já tivemos em pleno funcionamento cerca de seis ou sete hotéis/pousadas, com uma capacidade de uns duzentos leitos ou mais, hoje devemos ter duas ou três que não devem chegar aos cinqüenta leitos. Os restaurantes onde se comia uma bela picanha, ou um farto churrasco misto, com um choppinho gelado e sorvete para as crianças, não existem mais. 

Os pontos histórico-culturais, se não foram apagados foram escondidos! Cito os marcos de fundação deste então lugarejo, que recebi via embarcação os produtos de Cabo Frio e adjacências, que eram desembarcados no píer em frente a Marques Garcia e dali seguia pela Praça da Estação para a capital.  O píer ainda existe, está ali embaixo das madeiras novinhas. Já a estação, infelizmente não. E outros vão desaparecer como a primeira farmácia, o poço d´água, a casa da ferrovia e por ai vai. 

Se a primeira impressão é a que fica, melhor deixar os “novos” turistas longe daqui, até que possamos novamente ser classificados com um digno “destino turístico”. Imaginem turistas dos quatro cantos do país, divulgando as fotos de nossas quase ruas e quase praças, dos depósitos de lixo a céu aberto, dos terrenos e construções abandonadas, e se eles precisarem de Socorro, ai será o fim mesmo. 

Melhor nos unirmos para reconstruir esta cidade para nós e nossos filhos, iguabenses de berço ou por opção, pois mesmo sem “título” querem um futuro melhor. 

Jorgino Fabiano 

7 Comentários:

Anônimo disse...

É, podemos dizer que a saúde de Iguaba Grande vai muito mal. E a sua avaliação clínica, caro Jorgino, foi perfeita. Mas com certeza Iguaba tem cura.
No último número do Jornal O Escudeiro, escrevi sobre o caos da cidade e citei um trabalho feito por uma equipe constituída por pessoas do terceiro setor, poder público e iniciativa privada, sob a orientação e consultoria do SEBRAE. Isso aconteceu no ano de 2003. Lamentavelmente, como a condição principal acordada entre os participantes é de que seria um trabalho APOLÍTICO e LAICO, não foi à frente (penso eu). Inclusive sou uma das culpadas. Como membro do Projeto, cobrei de algumas pessoas o fato de não estarmos dando seguimento. Não posso afirmar se o SEBRAE cobrou da Prefeitura os resultados, pois tínhamos prazo para tudo. O trabalho era sério. Intitulado "PLANO ESTRATÉGICO DE DESENVOLVIMENTO DO TURISMO DE IGUABA GRANDE", foram feitos todos os estudos da cidade: saúde, educação, infra-estrutura, etc. Ficou definida a Visão de Futuro para 2007. Nossa, que tragédia! À medida que vou lendo essas páginas, percebo que andamos para trás. É uma tristeza!
Prezado Jorgino, com a mais absoluta certeza, a Câmara de Vereadores recebeu o exemplar desse trabalho. Tente achá-lo e leia com muita atenção.
Vou deixar aqui uma frase que li há uns 25 anos atrás e que passou a ser o meu lema de vida:
"QUEM QUER FAZ, QUEM NÃO QUER ARRANJA UMA DESCULPA."

Saúde e paz!
Thelma.

Jorgino Fabiano disse...

Thelma, agradeço imensamente suas palavras.
Mas realmente, muito projetos como o que você narrou acabaram em gavetas e armários.
Gostaria muito de ter acesso ao mesmo, e se possível ajuda-la a retoma-lo, se você poder me encaminhe este material por e-mail ou podemos marcar para você me disponibilizar um exemplar.
Aguardo seu Contato: jorginofabiano@gmail.com

Ney Bellas disse...

Certa vez li: "Escreva as preocupações de hoje na areia. Esculpa as vitórias de ontem em pedra" se não me engano essa frase é de Max Lucado. Primeiramente quero concordar contigo, mas assim como diz a frase que estas preocupações sejam escritas na areia e logo SUPERADAS. Que daqui em diante possamos registrar em pedra nossas CONQUISTAS.Não fique muito (mais) metido, mas parabéns pelo POST. Ficou bem legal!
"Não vos inquieteis, pois, pelo dia amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal" Mateus 6.34

Anônimo disse...

Tudo que foi colocado no texto acima todo mundo em Iguaba está careca de saber. É lógico de que com a contrução da Via Lagos e a triste poluição da lagoa de Araruama o turista deu lugar ao durista. Precisamos repensar esquecer o passado e projetar um novo caminho de desenvolvimento para Iguaba. Esta dando no saco ler a todo momento gente escrevendo sobre um passado que não existe e que certamente não volta mais. E tenho as minhas dúvidas se a emancipação foi boa ou não para nossa gente. Agora que foi boa para uma meia dúzia isto eu tenho certeza.

Jorgino Fabiano disse...

Anônimo,
Se você não quer mais ler este tipo de texto, porque não nos manda um texto seu, falando do que você quiser?
Ou isso, ou pare de ler!!

José Mauro Saar disse...

Prezado colunista, concordo com sua preocupação, que também é minha, e creio que a solução será demorada.
Na minha opinião o primeiro passo, e o mais difícil, é definir QUAL Iguaba queremos ser para nosso turista? Algumas cidade, até menores do que Iguaba, obtiveram exito quando encontraram seus próprios caminhos e viraram: "cidade da seresta", "cidade das hortênsias", "cidade do mergulho", etc...
Iguaba tem que encontrar o seu caminho, o que queremos ser?
Não podemos apostar, e esperar, somente a recuperação da Lagoa de Araruama, para cativar nossos turistas.
É claro que é necessário termos uma infra estrutura capaz de motivar a vinda de nossos convidados mas até para definirmos QUAIS são os pontos a serem criados ou melhorados, é preciso tal definição. O que vc acha disso?
Att,

José Mauro Saar

Jorgino Fabiano disse...

Perfeitamente José Mauro !! Eu não teria colocado de forma melhor.
Temos que discutir o nosso plano diretor, identificar nossas principais qualidades e defeitos, atacar estes pontos visando um NORTE o ponto que desejamos CHEGAR.

Como dizem: "qualquer lugar é muito bom pra quem não sabe onde quer ir"
Para isso temos que nos organizar, participar dos conselhos municipais, ir a sessão da câmara e PRINCIPALMENTE VOTAR BEM !

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